Desmatamento


Greenpeace divulga mapeamento de áreas desmatadas no Sul do Amazonas

Entre as preocupações do grupo, está o município de Apuí, o qual corre o risco de ter 899 hectares desmatados com a união de nove polígono















A Organização não Governamental (ONG) Greenpeace detectou, há dez dias, por meio do Laboratório de Geoprocessamento, 146 polígonos, entre áreas de degradação e corte raso, em três municípios localizados no Sul do Amazonas: Apuí, Manicoré e Canutãma.
As imagens formam um mapeamento, que foi entregue nesta segunda-feira (11) ao Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama), solicitando providências para barrar o avanço do desmatamento nessa região e punir os responsáveis.
A maior preocupação da ONG é com o município de Apuí (a 220 quilômetros do Amazonas), onde nove áreas próximas umas das outras foram detectadas desmatadas e, se o mosaico for fechado, somará 899 hectares, dos quais 310 já foram degradados.
A denúncia denominada “Desmatamento em nova fronteira – Sul do Amazonas” também teve como base dados do monitoramento do desmatamento feito regularmente pelo sistema de Detecção de Desmatamento em Tempo Real (Deter), do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). As imagens analisadas são do satélite Landsat-TM5.
Segundo a denúncia, Apuí é um dos que mais tem sofrido pressão da fronteira agropecuária. Os pequenos desmatamentos estão rodeados de área de floresta e um dos polígonos já era de conhecimento do Ibama, segundo a denúncia.
“Além disso, documentamos ali extensa derrubada de floresta em Áreas de Preservação Permanente (APP), em margens  de  igarapés,  configurando  a Ilegalidade do processo”, diz o documento.
A equipe também sobrevoou os municípios de Canutama - onde foi notado um polígono com 139,1 hectares de área degradada -, e Manicoré, com 142,5 hectares.

Desmatamento iminente

De acordo com André Muggiati, coordenador de campanhas da Campanha da Amazônia do Greenpeace, a denúncia foi levada, ainda, ao Ministério Público Federal (MPF) e à Secretaria de Estado de Desenvolvimento Sustentável (SDS).
Outras áreas degradadas foram avistadas durante o sobrevoo no município de Lábrea (a 703 quilômetros de Manaus) e Boca do Acre (a 1028 quilômetros da capital), que deve ser desmatada em breve, afirma Muggiati, já que parte da floresta já foi queimada.
“O desmatamento nessas áreas é feito com moto-serra e grandes tratores. Provavelmente, essas áreas serão queimadas para plantar pasto. Além de desmatar completamente as áreas, os responsáveis estão cortando totalmente as árvores às margens de rios e igarapés, o que é ilegal, pois são consideradas APPs e deviam ser mantidas intactas”, explicou o coordenador.
Entre as preocupações do grupo estão a ausência de animais em parte das áreas desmatadas – o que aponta que ainda não há uma finalidade para o terreno – e a ligação do aumento do desmatamento durante as discussões sobre o Novo Código Florestal, que prevê a anistia para casos de desmatamento anteriores a 2008. “Isso pode estar levando os grileiros e poceiros de terras a desmatar na expectativa da anistia, o que é péssimo”, frisou Muggiati.
A equipe de acrítica.com tentou contato com o superintendente do Ibama no Amazonas, Mário Lúcio Reis, mas não obteve sucesso. A assessoria do MPF informou que a denúncia será encaminhada ao procurador responsável, neste caso, Ricardo Perin, substituto que está no lugar da titular Caroline Oliveira, a qual está em lotação provisória em Brasília. Segundo a assessoria, após a análise do mapeamento pelo procurador é que serão definidas as providências, tais como a instauração de inquérito civil.

SDS

De acordo com a secretária de Estado de Desenvolvimento Sustentável, Nádia Ferreira, a região Sul do Amazonas é formada por 70% de terras da União e, contrariando os dados apresentados pelo Greenpeace, tem reduzido desmatamento. Contudo, ela reconhece que houve um “pequeno aumento” em 2010. Segundo dados do Deper, entre agosto de 2010 e maio de 2011, o desmatamento na região Sul foi superior a 184 quilômetros quadrados.
Nádia destaca que, atualmente, a discussão em torno do Código Florestal influenciou em toda a Amazônia e a insegurança jurídica criada por ela favoreceu o aumento do desmatamento. “O governo do Estado tem um plano para a região Sul, que já está em ação e, amanhã (12/07), haverá reunião com pessoas da área de segurança do Estado, que incluirá membros do Batalhão Ambiental e Ipaam (Instituto de Proteção Ambiental da Amazônia), para definir novas estratégias para essa área”, frisou.
Contudo, ela explicou que as ações incluídas no plano já em ação vão desde a regularização fundiária e fomento de atividades sustentáveis à regularidade com cadastro ambiental em função da recente lei que o governo encaminhou à Assembléia Leguslativa (Aleam) criando um cadastro rural.

Ibama se defende

O chefe da Divisão de Proteção Ambiental do Ibama, Jerfferson Lobato, enviou nota, por volta das 20h de hoje, divulgando as ações de combate ao desmatamento realizadas entre 2010 e 2011. Segundo a nota, este ano o Ibama começou as operações de combate no período de chuva, ao contrário dos anos anteriores. Além disso, aplicou mais de R$ 50 milhões em multas e 123 autos de infração, fechou três serrarias, emitiu 41 termos de embargos e embargou mais de 7 mil hectares, incluindo 2010 e 2011. O instituto lavrou, ainda, 71 termos de apreensão, apreendeu 33 veículos e 2131 cabeças de gado.
Ainda segundo a nota, o Ibama não está poupando esforços para combater o desmatamento e o desmatamento poderia ser maior sem as ações desenvolvidas e pediu à imprensa que ouça o órgão no caso de denúncias, sob o risco de colocar a população contra os agentes, desmotivando-os. Sobre Apuí, a nota dizia que agentes do Ibama identificaram a área em março deste ano e multou o responsável, além de apreender um caminhão, uma motocicleta e esclareceu que o desmatamento não foi completo porque o órgão impediu. Caso contrário, poderia atingir 1,4 mil hectares.